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O CURSO DE ARTES

Autor: Pedro Paulo Nardotto

Carga horáriaa: 500h - 2009

Vitória -ES

Título: A ARTE COMO INSTRUMENTO EDUCACIONAL

Trabalho de pesquisa realizado para o cumprimento do curso de Artes, apresentado à Instituição de Ensino CELF Centro Educacional Adevalni Azevedo, para obtenção da certificação em Artes.

1.INTRODUÇÃO

A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico, que caracteriza um modo particular de dar sentido às experiências das pessoas: por meio dele, o aluno amplia a sensibilidade, a percepção, a reflexão e a imaginação. Aprender arte envolve, basicamente, fazer trabalhos artísticos, apreciar e refletir sobre eles. Envolve, também, conhecer, apreciar e refletir sobre as formas da natureza e sobre as produções artísticas individuais e coletivas de distintas culturas e épocas. No decorrer desse trabalho de pesquisa, poderão vivenciar cada instante do delicado universo da arte.

2.HISTÓRIA DAS ARTES

Se analisarmos a arte ao longo da história, podemos começar pela arte Pré- História, que é o período onde se mostram as primeiras demonstrações de arte que se tem notícias na história humana. Retratavam animais, pessoas e até sinais, foram encontradas cenas de caçadas, de espécies extintas, e em diferentes regiões. Apesar do desenvolvimento primitivo, podem se distinguir diferentes estilos, como pontilhado ou de contornos contínuos. Apesar de serem vistas como mal feitas e não civilizadas, as figuras podem ser consideradas como exemplo de inovação para os recursos da época. Não existem muitos exemplos de arte-rupestre preservada, mas com certeza o mais famoso deles é o das cavernas de Lascaux na França.

A arte Egípcia semelhante à arte grega apreciava muito as cores. As estátuas, o interior dos templos e dos túmulos era bastante colorido. Porém a passagem do tempo fez com que se perdessem as cores originais que cobriam as superfícies dos objetos e das estruturas. A arte do Egito antigo é o palco de uma das mais interessantes descobertas do ser humano.

As grandes tradições na arte têm um fundamento na arte de uma das grandes civilizações antigas. Antigo Egito, Mesopotâmia, Pérsia, Índia, China, Grécia antiga e Roma. Cada um destas civilizações desenvolveu um estilo único e característico de fazer arte. Dada a dimensão e duração dessas civilizações, e mais da suas obras de arte ter sobrevivido e da sua influência transmitidas a outras culturas em tempos mais tarde.

O período da arte grega viu uma veneração da forma física humana e o desenvolvimento de competências equivalentes para mostrar musculatura, pose, beleza e anatomia em geral.

A arte Gótica surgiu tempos depois. Já na arte pré-romântica, os monumentos construídos nessa época marcaram todo um modo especial de criar arquitetura e desenvolveu métodos preciosos e estilos definidos como sombrios e macabros.

A arte Bizantina e a Gótica da idade média foram centradas na expressão das verdades bíblicas e não na materialidade, enfatizou métodos que mostram a gloria em mundos celestes, utilizando o ouro em pinturas, ou mosaicos.

A Renascença ocidental deu um retorno a valorização do mundo material, bem como o local dos seres humanos, e mesmo essa mudança paradigmática é refletida nessa arte, o que mostra o corpo humano, bem como a realidade tridimensional da paisagem.

Os ocidentais do Iluminismo no século XVIII faziam representações artísticas de modo físico e racional sobre o universo que reforçou a atenção ao lado emocional e a individualidade dos seres.

O século XIX, em seguida, viu uma série de movimentos artísticos, tais como arte acadêmica, simbolismo, impressionismo, entre outros.

O modernismo baseou-se na idéia de que as formas tradicionais das artes tornaram-se ultrapassados, e que se fazia fundamental deixá-los de lado e criar uma nova cultura.

No modernismo, surgiram vários estilos, os mais destacados são Expressionismo, simbolismo, Impressionismo, Realismo, naturalismo, Cubismo e futurismo, embora tenham sido desenvolvidos diversos outros.

Atualmente, na arte contemporânea (surgida na segunda metade do século XX) e que se alonga até os dias atuais, encontramos entre outros estilos secundários, a Pop art.

3.ENSINO DE ARTE NO BRASIL

Em 1816, D. João VI trouxe a Missão Francesa com o intuito de formar uma Escola de Arte, que teve os seus trabalhos iniciados dez anos mais tarde, mas devido ao custo elevado, eram poucos que tinham a oportunidade de estudar Arte.

A partir da década de 1870, período de grandes transformações culturais, não só no Brasil, mas, também, nos EUA, o ensino de Arte foi voltado para a formação de desenhistas.

Entre 1890 e 1920 predominavam, aqui no Brasil, a cópia de quadros e o desenho geométrico. A partir de 1920, a Arte passa a ser incluída no currículo escolar como atividade integrativa, apoiando o aprendizado de outras disciplinas, porém, os exercícios de cópia são mantidos.

Em 1922, com a Semana de Arte Moderna, a Arte-Educação no Brasil teve um grande impulso, com as idéias de livre expressão, trazido por Mário de Andrade e Anita Malfatti que acreditavam que a Arte tinha como finalidade principal permitir que a criança expressasse seus sentimentos e também tinham a idéia de que ela não é ensinada, mas, expressada.

Em 1948, o artista plástico Augusto Rodrigues, após saber que uma mostra de arte infantil foi excluída por ter interferência adulta e alguns clichês, resolveu criar a Escolinha de Arte, onde era valorizada a capacidade criadora.

A partir dos anos 50, além de Desenho, passaram a fazer parte do currículo escolar as matérias: Música, Canto Orfeônico e Trabalhos Manuais, que mantinham de alguma forma o caráter e a metodologia do ensino artístico anterior. O ensino e a aprendizagem estavam concentrados na transmissão de conteúdos a serem reproduzidos, não se preocupando com a realidade social e nem com as diferenças individuais dos alunos, ou seja, a chamada Pedagogia Tradicional.

O Brasil ainda passou nas décadas de 50, 60 e início da década de 70, pela fase da Pedagogia Nova, que tinha como ênfase a livre expressão e a espontaneidade e pela Pedagogia Tecnicista, onde o aluno e o professor tinham um papel secundário, tendo como elemento principal, o sistema técnico de organização. Neste período, nas aulas de Arte, os professores enfatizavam um saber construir reduzido dos aspectos técnicos e do uso diversificado de materiais, caracterizando pouco compromisso com o conhecimento da linguagem artística.

Em 1971, "iniciou-se" uma Pedagogia Libertadora, graças aos ideais do grande educador Paulo Freire, que era voltada para uma perspectiva de consciência crítica da sociedade.

A Arte foi incluída no currículo escolar, desde 1971, com o nome de Educação Artística, através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ainda como "atividade educativa" e não como disciplina, sofrendo em 1988, a ameaça de ser excluída do currículo, a partir das discussões sobre a Nova Lei de Diretrizes e Bases: "(...) convictos da importância de acesso escolar dos alunos de ensino básico também à área de Arte, houve manifestações e protestos de inúmeros educadores contrários a uma das versões da referida lei, que retirava a obrigatoriedade da área". Por não ser uma considerada uma disciplina, a Educação Artística não tinha o "poder" de reprovar nenhum aluno e fazia com que os mesmos não tivessem interesse pela mesma, fazendo com que ela fosse vista como aulinha de desenho e o professor visto como organizador de festas e eventos na escola.

4.A ARTE E O EDUCADOR

Durante muito tempo, a Educação Artística foi considerada uma atividade de entretenimento, uma pausa necessária em meio às demais disciplinas. Hoje, no entanto, ela tem status de um valioso recurso para a reflexão, compreensão e exercício da cidadania, posicionamento crítico e valorização da pluralidade cultural do país, com conteúdos próprios ligados a cultura artística e não apenas a atividades. Esses são, aliás, alguns dos mais importantes objetivos gerais do ensino fundamental, fixados nos Parâmetros Curriculares Nacionais, elaborados pelo Ministério da Educação.

A Educação Artística, agora chamada de Artes, desse modo, compartilha com outras disciplinas (língua portuguesa, matemática, ciências, história, geografia, etc.) a responsabilidade de contribuir para a formação do aluno.

A disciplina de Artes mobiliza sentidos e capacidades essenciais para o desenvolvimento humano: criatividade, imaginação, observação e etc. que constitui uma faceta essencial para o aproveitamento do aluno nas demais disciplinas. Basta perceber na história e a compreensão que se pode ter sobre os fatos políticos, econômicos e sociais de uma época analisando sua produção artística.

A produção artística do aluno está sujeita a uma rigorosa autocrítica. É comum que ele compare suas produções com as que lhe são apresentadas, de pintores, escultores, ou então com as dos colegas, e se sinta diminuído, incapaz, desvalorizado. Muitas das dificuldades podem ser facilmente resolvidas com um domínio técnico mais apurado, ou seja, com o aprendizado de como fazer.

O uso correto dos materiais, a tranqüilidade na hora da produção e o planejamento podem contribuir para os resultados dos trabalhos dos alunos.

No entanto na maior parte dos casos não se trata apenas de aprendizado, mas da valorização da produção individual como sua expressão autêntica independentemente da qualidade artística. Quanto a isso, o papel do professor é fundamental: cabe a ele estabelecer um clima de respeito, valorização e estímulo aos alunos, incentivando-os, elogiando suas produções, mostrando os progressos no percurso de cada um e não tomando como parâmetro um artista ou um colega.

5.A ARTE NO ENSINO FUNDAMENTAL

As Diretrizes Curriculares Nacionais estabelecem que as propostas pedagógicas devem respeitar os seguintes fundamentos norteadores (em todos os níveis):

•Princípios éticos da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum;

•Princípios políticos dos direitos e deveres de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática;

•Princípios estéticos da sensibilidade, da criticidade, da ludicidade e da diversidade de manifestações artísticas e culturais.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental enfatizam, inclusive, que "ao definir suas propostas pedagógicas, as escolas deverão explicitar o reconhecimento da identidade pessoal de alunos, professores e outros profissionais e a identidade de cada unidade escolar e de seus respectivos sistemas de ensino". Na Educação Infantil vemos uma pequena variação nas DCN: "explicitar o reconhecimento da importância da identidade pessoal de alunos, suas famílias, professores e outros profissionais e a identidade de cada unidade educacional no contexto de suas organizações" e no Ensino Médio as DCN dizem: "as propostas pedagógicas das escolas e os currículos constantes dessas propostas incluirão competências básicas, conteúdos e formas de tratamento dos conteúdos, previstas pelas finalidades do Ensino Médio".

Como vemos, a nova lei e as novas diretrizes apontam os caminhos necessários à garantia do envolvimento dos professores na formulação das propostas pedagógicas dos estabelecimentos de ensino em todos os níveis da educação básica (Infantil - Fundamental - Médio) e Educação Superior e estabelecem, ao mesmo tempo, novos paradigmas a serem incorporados nesta ação. No entanto, ainda temos encontrado muitos obstáculos para a concretização desse ideal.

6.ASPÉCTOS LEGAIS DO ENSINO DA ARTE

O ensino da Arte foi tornado obrigatório no Brasil em 1971, pela Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional Lei 5692/71. Não havia, neste período, cursos de formação de professores de Arte nas universidades brasileiras. Por isso, em 1973, visando atender rapidamente a demanda criada pela lei, o governo criou o curso de graduação em Educação Artística, cuja modalidade em Licenciatura Curta, com duração de apenas dois anos, permitiu aos graduados lecionar no 1ºGrau.

A promulgação da Constituição em 1988 tornou necessária a elaboração de nova Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional. A nova LDB- Lei 9.394/96, também chamada Lei Darcy Ribeiro, manteve a obrigatoriedade da Arte na educação básica: O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos (artigo 26, p 2o ).

Um dos fatores que interfere na qualidade do ensino da arte é a falta de direcionamento do profissional na concepção sobre a função do ensino da Arte na escola, gerando fatores que interferem diretamente sobre a qualidade do ensino ministrado, portanto, essa definição é essencial como fundamentação ao professor de Arte.

Tendo minha cidade como uma realidade clara da ineficácia do ensino da arte na escola, e afirmo isso com embasamento, já que duas vezes desenvolvi pesquisas direcionadas aos educadores de arte e obtive terríveis resultados, tais quais reafirma a situação vivida por outras localidades de nosso país. Uma das conclusões é de que há necessidade de estruturação dos centros de ensino público e até mesmo particulares para o desenvolvimento das aulas de arte. Outra questão é o despreparo dos profissionais, que em sua maioria supre apenas a necessidade das escolas de ter um professor para a disciplina de arte, levado também à ganância de ampliar carga horária.

Portanto, é vital a reestruturação dessas leis, tendo como base central a realidade presente nas escolas do país. Deixar de ser uma imposição centralizadora e começar a visualizar holisticamente as reais necessidades do Ensino da Arte.

7.PROPOSTA TRIANGULAR

Baseado neste princípio de que todo cidadão brasileiro necessita de ter acesso, conhecer, exercitar, conversar sobre a Arte. Compreendemos o aspecto social presente na arte para o indivíduo.

A importância da qualidade do ensino aos próprios educadores, através de uma real iniciativa pública, garantindo assim a eficácia na formação dos alunos.

Outra questão muito relevante são as imposições dos PCNs, os quais delimitam de uma maneira nada homogenia, a verdadeira didática de ensino da arte, acaba por podar toda uma criatividade e sensibilidade dos futuros mestres educadores.

O aspecto social e principalmente cultural, tem se mostrado amplamente focado dentro das metodologias de ensino, o multiculturalismo e as diferentes vivências dos indivíduos tem possibilitado esse envolvimento.

Diante dos inúmeros textos sobre arte e sua realidade no sistema de ensino, acentua-se a difícil compreensão do papel do educador. Quem seria ele e para que sua presença? Questões como essas são muito levantadas não só pelos educandos, como também pela sociedade e pelo próprio profissional de artes.

Vejam como é real a limitação da compreensão da identidade por parte do educador, dito por Ana Mae Barbosa: Os professores de arte não têm tido a oportunidade de estudar as teorias da criatividade ou disciplinas similares nas universidades porque estas não são disciplinas determinadas pelo currículo mínimo.

Essa limitação vem da própria formação do profissional, no entanto hoje já estão sendo revertido, e as universidades já estão moldando-se a real necessidade dos educadores de arte.

Para os Parâmetros Curriculares Nacionais o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele e pelos colegas, pela natureza e nas diferentes culturas. Através do conhecimento de novas culturas, diante do multiculturalismo, o aluno poderá compreender a relatividade dos valores que estão enraizados nos seus modos de pensar e agir, além disso, torna-se capaz de perceber sua realidade cotidiana mais vivamente, de maneira crítica.

Compreende-se que o conhecimento da arte abre perspectivas para que o aluno tenha uma compreensão do mundo na qual a dimensão poética esteja presente, que é preciso mudar referencias a cada momento, ser flexível. Manter unido sempre o Criar e Conhecer para que haja uma aprendizagem. Portanto, a relação entre o PCNs e a visão triangular leva o ensino da arte a um domínio não puramente técnico, mas na busca de gerar nos alunos um senso crítico do assunto. A visão Triangular abordada por Ana Mae Barbosa gera no aluno questões que o leva a ver, conhecer, contextualizar e fazer.

É desejável que o aluno, ao longo da escolaridade, tenha a oportunidade de vivenciar o universo da arte em suas diversas formas, partindo dessa premissa, os conteúdos da área de Arte devem estar relacionados de tal maneira que possam sedimentar a aprendizagem artística dos alunos do ensino fundamental quanto ao do ensino médio.

Portanto, independente das inúmeras dificuldade e barreiras presentes ao profissional de arte, caberá a ele o primeiro passo, através da busca de conhecimento e técnicas atuais moldadas para um verdadeiro arte-educador, o qual em suas variáveis funções possa desenvolver cada uma dentre os critérios e normas estabelecidas pelos PCN em Arte, não se esquecendo de acrescentar sempre seu toque pessoal.

8.CONCLUSÃO

Um dos fatores que interfere na qualidade do ensino da arte é a falta de direcionamento do profissional na concepção sobre a função do ensino da Arte na escola, gerando fatores que interferem diretamente sobre a qualidade do ensino ministrado, portanto, essa definição é essencial como fundamentação ao professor de Arte.

Portanto, é vital a reestruturação das leis que rege o ensino da arte, tendo como base central a realidade presente nas escolas do país. Assim, deixar de ser uma imposição centralizadora e começar a visualizar holisticamente as reais necessidades do Ensino da Arte acabara por fazer do arte-educador um melhor profissional.

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